Nosso bispo de 1958 a 1970

Dois anos atrás, Dom Filadelfo e Dona Dulcy me arranjaram uma entrevista com o Bispo Sherrill, que, com Dona Elizabeth, me recebeu em sua casa, no Rio de Janeiro. Fazia tempo que queria conhecê-lo. Queria perguntar e ouvir muitas coisas. Perguntei-lhe sobre sua vinda ao Brasil. Ele disse que seu pai pensava em enviá-lo ao Japão, porque na década de 1950, os americanos já vislumbravam que aquele país estava tendendo a vir a ser uma potência. Entendi que Dom Sherrill, apesar disso, seguiu a vontade de Deus e decididamente veio ao Brasil.

Ele quis saber por que eu queria falar com ele. Eu tinha muitos motivos para isso. Mas só depois de sair de sua casa é que ficou claro para mim que eu quis falar com ele realmente porque aqui em São Paulo ouço muitas histórias bonitas sobre ele.

Rev. Yoshizawa me contou que atendia a comunidade de Lins, interior de São Paulo, quando recebeu em sua casa a visita do bispo, com o secretário diocesano. São Paulo ainda era ligada à Diocese Central. O reverendo morava em uma casa simples. O secretário solicitou ao reverendo para fazer duas reservas no melhor hotel da cidade. Mas Dom Sherrill disse que era para fazer uma só reserva. O secretário perguntou se só o bispo iria para o hotel. O bispo disse que não. Era para o secretário ir para o hotel. “Eu fico aqui”, teria dito o bispo. E ficou, num calor de 40 graus. Humildade!

Rev. Kinpara também me contou algumas vezes que, quando era pároco em Registro, nos anos seguintes à autonomia da Igreja, o Bispo Sherrill passava para visitá-lo. Perguntava se o reverendo estava precisando de dinheiro, e tirava o que tinha no bolso, que trazia na volta de Porto Alegre. Dizia que só ia levar a quantia necessária para pagar sua passagem, o suficiente para chegar ao Rio de Janeiro, e deixava o resto com o reverendo.

Por essas e outras, Bispo Sherrill deixou aqui em São Paulo vários filhos espirituais, agora aposentados, abençoados pela orientação de tão santo pastor. As gerações mais novas talvez não saibam muito bem quem foi Dom Sherrill e o que ele significa para São Paulo. Mas, obrigada, Deus, por tê-lo trazido para nós! São Paulo agradece.

Carmen Kawano, 02/10/2015.