“O Senhor te confirmará para si como povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos seus caminhos”. Deuteronômio 28,9
Objetivos Desenvolvimento SustentaveHá exatos quinze anos, a ONU aprovou um programa de desenvolvimento humano baseado no que se chamou de Objetivos do Milênio. Foi um ambicioso programa que se buscou aplicar através de todas as nações do mundo e destinado a superar o estado de pobreza em países que exibiam vergonhosos índices de exclusão no campo da saúde, da educação, da distribuição de renda, de desigualdade de gênero, entre outros pontos essenciais que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O ambicioso programa apresentou alguns resultados animadores em algumas nações do mundo, mas ainda não alcançou os níveis desejados, embora há de se reconhecer que muita coisa melhorou. As crises econômicas que se sucederam foram desafiadoras e a crescente tensão militar pós 11 de setembro de 2001, foram a causa de enorme desperdício de gastos militares – algumas centenas de bilhões de dólares – que deslocaram as prioridades de governos para uma maior atenção para programas afirmativos no campo social.
A recente Conferência das Nações Unidas aprovou unanimemente um novo programa de desenvolvimento sustentável, com uma metodologia mais aberta à sociedade e menos dependente de governos que quer superar até 2030 os índices de desigualdade no mundo. São os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS.
De acordo com os objetivos e metas dos ODS, são previstas ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outros. É uma agenda ousada porque à primeira vista são muitos e que precisam mobilizar uma soma muito alta de recursos e ainda precisam disputar contexto de conflitos e de crises econômicas sazonais.
Do ponto de vista da Igreja, somos chamados a contribuir efetivamente com este projeto que diz respeito ao nosso jeito de viver a nossa missão. As marcas da missão anglicana nos obrigam a oferecer nossa contribuição teológica e prática aos parceiros governamentais, sociais e aqueles que caminham conosco ecumenicamente e em diálogo – independentemente de sua fé – para alcançarmos os ODS a partir de nossas realidades locais até nos níveis da Comunhão Anglicana como um todo. Cremos num Deus de Justiça e de Amor. Nosso Deus não se alegra com a injustiça e nem com um sistema que gera desigualdade entre seres irmãos. Nosso Deus também não se alegra com o uso egoísta e irresponsável do meio ambiente, que causa sérios danos à vida do planeta através do uso egoísta e acumulativo de riquezas que desconsideram a vida dos menos favorecidos e vulneráveis de nosso mundo.
Evangelizar é, essencialmente, levar a Boa Nova ao Mundo. Conclamo a IEAB, através de todas as suas instâncias a estudar, compartilhar – desde as comunidades locais até as instâncias provinciais – a plataforma dos ODS. A apropriação da plataforma nos apontará a descobrir os caminhos pelos quais nosso povo e suas lideranças pastorais podem interagir para transformar nossas comunidades em agentes de transformação. Conclamo a Comissão de Incidência Pública e a Comissão Nacional de Diaconia – como instâncias de reflexão da incidência da Igreja – a estudar com profundidade a plataforma e ajudar a Igreja como um todo a preparar ações concretas na defesa de uma sociedade brasileira democraticamente forte, socialmente justa e ambientalmente correta. Para tanto, temos muitos parceiros e parceiras que estão dispostas a seguir este caminho de testemunho e graça para com nosso povo.
Veja sobre o assunto em http://plataformaods.org.br
Deus nos inspire a servi-lo com amor e coragem!
++ Francisco
Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Publicado em 29/09/2015 pelo Serviço de notícias da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (SNIEAB).