por Mary Frances Schjonberg – Episcopal News Service
No início da Eucaristia de instalação no Dia de Todos os Santos na Catedral Nacional de Washington, o Bispo Presidente Michael B. Curry declarou sua bona fides à Igreja.
Após bater na porta oeste de maneira tradicional ao meio-dia enquanto o sol rompia entre as nuvens e ser admitido na Catedral pelo Revmo. Gary Hall, deão da catedral, e pela Bispa Mariann Budde da Diocese de Washington, foi solicitado a Curry “nos dizer quem é”.
“Eu sou Michael Bruce Curry, um filho de Deus, batizado na Igreja São Simão de Cirene, Maywood, Illinois, em 3 de Maio de 1953, e desde essa época procurei ser um discípulo fiel de Jesus Cristo”, respondeu ele.
“Michael, Bispo na Igreja de Deus, nós esperamos sua chegada com grande alegria”, lhe disse a 26ª Bispa Presidente Katharine Jefferts Schori. “Em nome de Cristo, nós o recebemos”, acrescentou, e a saudação foi ecoada pelas mais de 2.500 pessoas presentes.
Curry, o ex-bispo da Carolina do Norte, prometeu ser uma “ovelha e pastor fiel” e, quando perguntado por Jefferts Schori se apoiariam Curry em seu ministério, os presentes gritaram em resposta “apoiaremos”.
Com isto e com a celebração litúrgica que se seguiu, a Igreja Episcopal fez história a acolher a primeira pessoa negra como bispo presidente e primaz.
“Deus não desistiu do mundo de Deus”, Curry disse à congregação e a centenas de pessoas assistindo a celebração pela internet. “E Deus ainda não finalizou com a Igreja Episcopal. Deus tem um trabalho para nós fazermos”.
Curry se tornou oficialmente no 27º Bispo Presidente, pastor chefe e Primaz da Igreja Episcopal à meia-noite. Durante as três horas de celebração, ele recebeu assento na Catedral (a Catedral Nacional de Washington tem o assento do Bispo Primaz desde 1941). Jefferts Schori entregou a férula primacial, que ela carregou pelos últimos nove anos, e então calorosamente o abraçou enquanto a congregação entusiasmadamente aplaudiu e gritou em aprovação.
A música da celebração foi de cânticos anglicanos à percussão e cantar da Banda Cedarville de Índios Piscataway de Maryland, que conduziram os 155 bispos da Igreja Episcopal à cerimônia. A Banda Cedarville também tocou antes do Evangelho ser lido em Dakota pelo Rev. Brandon Mauai, diácono da Dakota do Norte e membro do Conselho Executivo. Jamey Graves e Sandra Montes cantaram “Wade in the Water” solo após os participantes renovarem sua aliança batismal e Curry, Jefferts Schori e outros aspergirem a congregação. No momento que chegaram ao altar, a congregação estava de pé cantando sozinha.
O Coral Gospel de São Tomás, da Igreja Episcopal Africana de São Tomás na Filadélfia fez com que a congregação batesse palmas e bamboleasse. E quando o Coral de Meninos e Meninas da Catedral cantou um arranjo do Hino de Batalha da República como hino do ofertório, os membros da congregação se levantaram e se juntaram no refrão final, muitos com lágrimas nos olhos.
Orações especiais foram ditas durante a celebração por representantes da Comunhão Anglicana, de comunidades ecumênicas e inter-religiosas, dentre eles o Revmo. Fred Hiltz, primaz da Igreja Anglicana do Canadá; Mohamed Elsanousi, da Sociedade Islâmica da América do Norte; Rabino Steve Gutow, Conselho Judaico para Relações Públicas; e a Revda. Elizabeth Miller, presente da Conferência Provincial dos Anciãos da Igreja Morávia.
Após Anita Parrott George, outro membro do Comitê Executivo, ler o Antigo Testamento (Isaías 11:1-9) em inglês, Fernanda Sarahi leu o trecho do Novo Testamento (Apocalipse 21:1-6a) em espanhol. E no começo da Grande Ação de Graças, Curry leu o sursum corda (erguei seus corações) em espanhol.
O animado sermão de aproximadamente 37 minutos de Curry trouxe aplausos, risadas e aclamações de aprovação da congregação. Ele, as vezes, abriu seus braços amplamente sobre a multidão, ergueu suas mãos e exclamou, abaixando sua voz e unindo suas mãos em outros momentos para apresentar sua argumentação.
Curry tocou várias vezes em seu sermão no tema da evangelização e reconciliação, chamando isto de “alguns dos trabalhos mais difíceis possíveis”.
“Mas não se preocupem”, disse ele. “Nós podemos fazer isto. O Espírito Santo já fez este trabalho antes com a Igreja Episcopal. E isto pode ser feito novamente para um novo dia”.
Ele chamou a uma evangelização que é “genuína e autêntica para nós como episcopais, não de uma maneira que imita ou julga qualquer outro” e é sobre “ajudar os outros a encontrarem seu caminho a um relacionamento com Deus sem nossa tentativa de controlar o resultado”. Esta evangelização, disse ele, deveria envolver tanto o compartilhar da fé que está em nós como escutar e aprender da experiência dos outros.
Curry disse que a reconciliação racial é “apenas o começo para o árduo e sagrado trabalho de verdadeira reconciliação que compreende a justiça através de todas as fronteiras e limites que dividem a família humana de Deus”.
O Bispo Presidente reconheceu que este é “um trabalho difícil, mas nós podemos realizá-lo. É sobre escutar e compartilhar. É sobre Deus”.
Ele agradeceu Richard Schori, marido de Jefferts Schori, e então se direcionou à 26º Bispa Presidente. “Em uma época que frequentemente há debates e genuína consternação corajosa ou não, se é possível uma liderança efetiva, nós podemos dizer ao mundo que tivemos uma liderança, e seu nome é Katharine Jefferts Schori”, disse Curry aos aplausos com uma congregação ovacionando de pé.
Trecho de artigo escrito por Mary Frances Schjonberg e publicado pelo Episcopal News Service no dia 01/11/2015.