Por que todo esse barulho a respeito de Maria?
Muita gente anda com medo de tratar da questão de Maria porque julga que isso foge do culto a Deus. Com certeza está errado confundir a devoção a Maria com o culto que é devido somente a Deus. A questão sobre Maria é que ela foi uma garota comum, uma campesina da parte mais pobre da Palestina. Porém, e é um grande porém, ela foi uma garota comum, escolhida para fazer algo extraordinário, tornar-se a mãe de Deus Filho.
Este poema escrito por Mary Coleridge fala de Maria, simples mas verdadeiro:
“Mãe de Deus! Não foste uma dama
Mas mulher comum da terra ordinária.
“Nossa Senhora” de todas senhoras, nós agora te chamamos,
Mas Cristo de modo algum em berço de luxo nasceu:
Um homem comum da terra ordinária, Ele era.Nunca uma dama Deus escolheu,
Mas simplesmente uma mulher de baixa estirpe,
Tão humilde que não pudesse recusar
O carpinteiro da Galiléia:
E plena filha do povo ela foi”
Se nós ficamos muito melosos a respeito de Maria, terminamos esquecendo porque ela realmente é importante. A maior parte do que sabemos dela vem do Evangelho de Lucas, e Lucas é muito claro ao dizer que Maria representa o povo humilde de Israel, os desclassificados, os perdedores, as vítimas. As palavras que Maria diz no evangelho de São Lucas são claramente citações de passagens do Antigo Testamento a respeito dos pobres. Maria é a voz deles, a voz dos que não têm voz, a qual Deus finalmente ouviu.
Pense sobre o cântico que Mary entoa quando o anjo lhe diz que ela dará à luz o Salvador. Esse cântico, chamado Magnificat, é sempre cantado e repetido pelas catedrais e igrejas e as pessoas não conseguem de parar de pensar no conteúdo revolucionário de suas palavras. Deus dispersará os soberbos pelo intento de seus corações, Maria entoa. Ele deporá do trono os poderosos e exaltará os humildes. Os famintos encherá de bens e aos ricos despedirá vazios. Maria é o símbolo do cuidado de Deus para com os pobres e de Suas promessas de justiça.
Maria e o humilde e sofredor povo de Deus
Maria não representa somente os pobres economicamente, mas representa também os socialmente rejeitados. Do ponto de vista do mundo, Maria era uma mãe solteira e Jesus um filho ilegítimo. Ainda é difícil viver como filho ilegítimo ou como mãe solteira em nossos dias, mas no primeiro século era pior ainda. Contudo, apesar do sofrimento que isso lhe trouxe, Maria se submeteu à vontade de Deus e atendeu a Seu chamado com um firme Sim.
Assim, desde o começo, Jesus e Maria foram marcados por uma luta que enfrentariam juntos, e isso foi apenas parte do sofrimento que ela teve de passar por causa dele. Quando Maria levou Jesus ao templo, o ancião Simeão profetizou que Jesus seria a luz dos gentios, e voltando-se para Maria disse: “Quanto a ti, uma espada também traspassará tua própria alma” (Lc. 2:35). De vez em quando, nos Evangelhos, vemos cenas rápidas de Maria seguindo a Jesus, tentando entendê-lo, “guardando essas coisas em seu coração”, até o dia em que tudo lhe fosse esclarecido. A propósito, a profecia de Simeão se cumpriu na Sexta Feira da Paixão, quando o Evangelho diz que ela e São João ficaram ao pé da cruz quando todos os restantes haviam fugido. E, em suas últimas palavras, Jesus disse a João, o discípulo amado, “Eis aí tua mãe”, e para Maria: “Eis aí teu filho” (João 19:25.26).
E por fim, tendo ficado junto a Ele até o fim, Maria também participou da alegria de Sua ressurreição. A cena final que temos de Maria nas Escrituras ocorre em Pentecostes quando ela recebe o Espírito Santo, junto com os doze discípulos (Atos 1:14).
Devoção à Maria pela Igreja
É por causa de sua proximidade única com Jesus que nós nos lembramos dela com tanta frequência na Igreja, em festas especiais e nas orações, nos quadros e em estátuas. Como vimos, a coisa importante sobre Maria e sobre todos os santos é que eles não são apenas figuras históricas, mas estão vivos e estão conosco hoje. Quando nos levantamos e dizemos no Credo que “acreditamos na Comunhão dos Santos”, estamos declarando que estamos unidos fraternalmente com todo o povo de Cristo, estejam eles do lado desse lado de cá do túmulo ou além dele. A razão pela qual temos tantos quadros e estátuas na Igreja é para nos ajudar a lembrar que eles estão lá, muito embora não possamos vê-los. Isto não é diferente de termos conosco fotografias de nossos amigos e queridos para nos lembrarmos deles. Os santos são nossos amigos também. Temos “amigos aqui na terra e no celeste lar”, como nos diz o hino.
Depois da oração do Pai Nosso, a mais conhecida oração da Cristandade é a Ave Maria. É composto das palavras do anjo Gabriel e de Isabel, ditas a Maria no Evangelho de Lucas, seguidas do pedido para que ela ore por nós.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito o fruto de vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, orai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte.
Maria é tida como a favorita entre os santos, pois quem pode estar mais próximo de Cristo do que aquela que Lhe deu a carne, que O carregou, O amamentou, O lavou, O alimentou, O vestiu, O ensinou e que finalmente O segurou morto em seus braços? O próprio Evangelho deixa claro que devemos honrá-la. Quando Isabel diz: “Tu é a mais bendita entre todas as mulheres. Por que me está sendo dada a honra de que venha a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc 1:42-43). E quando Jesus na cruz entregou Maria para ser a mãe do apóstolo amado, a Igreja sempre entendeu que isso significava que Ele a estava entregando para ser a mãe de todos seus amados discípulos, mãe dos cristãos e mãe da Igreja. A Igreja é uma família, antes de tudo, e o que é uma família sem uma mãe?
Eis porque dizemos a Ave Maria e a honramos e lhe pedimos que ore por nós. Não porque seja ela algum tipo de deusa, e sim porque, ao contrário, ela foi considerada a mais humilde entre os humildes, mas que obedeceu à vontade de Deus, carregou Seu Filho neste mundo, participou de Seu sofrimento mais do que ninguém e, por isso, agora participa em Sua glória. Eis porque o anjo Gabriel previu que todas as gerações a chamariam de bem-aventurada, e assim sempre o será.
Maria, Mãe de Deus
O título “Mãe de Deus”, que é dado a Maria, pode causar alguma confusão. Só há uma forma de tornar-se membro da raça humana, que é ter nascido de mulher. Deus que nos criou queria estar bem no coração de Sua criação e desejou quis Se tornar humano também. Deus tornou-se homem na pessoa de Jesus Cristo e Maria foi Sua mãe.
Em Jesus Cristo, Deus tornou-se homem. Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano. Ele é o único mediador entre Deus e nós. Ele traz os céus à terra e leva os homens e mulheres até Deus. Maria, sendo a mãe humana de Jesus Cristo, pode ser chamada de “portadora de Deus”.
Durante os cinco primeiro séculos da Igreja, não havia muitas teorias sobre como Jesus Cristo era tanto Deus e homem. Alguns enfatizavam Sua divindade, outros estavam mais preocupados com Sua humanidade. Finalmente, o Concílio de Éfeso em 431 resolveu a questão declarando Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Consequentemente, também afirmou que Maria não só é Mãe de Cristo, mas também Mãe de Deus. Se nós dissermos que Maria não é Mãe de Deus, então Jesus Cristo não é Deus e nós não estamos salvos. O título está, na verdade, dizendo mais sobre Jesus Cristo do que sobre Maria.
Maria, portanto, é realmente a Mãe de Deus se duas condições estiverem cumpridas: ela é realmente a mãe de Jesus e Jesus é realmente Deus.
Fonte: “Maria Mãe de Deus”, Revista This is our faith