Arcebispo Williams sobre Bonhoeffer: o que significa ser livre

Atribuição-Compartilha Igual 2.0 Genérica (CC BY-SA 2.0) https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rowan_Williams_-001.jpg
Arcebispo Rowan Williams. Foto por Brian de Toronto, Canadá, Wikimedia Commons. Licença Creative Commons Atribuição-Compartilha Igual 2.0 Genérica (CC BY-SA 2.0)

[ACNS – 27/02/2012] Em um sermão transmitido ao vivo pela oração dominical da Rádio 4 BBC, o Arcebispo Rowan Williams pregou sobre o tema da liberdade – o que significa ser livre e como nós podemos alcançar a verdadeira liberdade “para sermos o que mais profundamente somos”.

Falando no primeiro domingo da Quaresma no King’s School Canterbury, Dr. Williams contou a vida de Dietrich Bonhoeffer, descrevendo as cartas das quais Bonhoeffer escreveu a sua família e amigos próximos enquanto estava em uma prisão na Alemanha nazista como “um dos grandes tesouros da cristandade moderna” e focando em seus pensamentos de liberdade que são tão prevalecentes em seus escritos:

“Mas a liberdade era uma das coisas que ele mais frequentemente escreveu. Em um famoso poema [Bonhoeffer] escreveu em julho de 1944, ele esboçou o que ele imaginou estar envolvido na verdadeira liberdade – disciplina, ação, sofrimento e morte. Não exatamente o que associamos com a palavra – mas com estas reflexões, ele nos levou ao coração do que é para alguém ser permanentemente livre.”

O Arcebispo continuou a falar sobre a exploração de Bonhoeffer sobre a liberdade de fazer “o que você sabe que deve fazer” em face de inúmeras distrações, e sua crença em dedicar algum tempo todos os dias no silêncio da meditação sobre a Bíblia como uma maneira de encontrar espaço para considerar esta liberdade:

“Leva tempo. Bonhoeffer escreveu um pequeno guia para estudantes quando ele dirigiu seu colégio para pastores, no qual ele explica porque eles precisam dar um tempo todos os dias para a meditação silenciosa da Bíblia. ‘Deus clama por este serviço’, escreveu ele; ‘Deus precisou de tempo antes de vir a nós em Cristo. Ele precisa de tempo para vir em meu coração para minha salvação’. Cada dia que nós tentamos nos abrir para sermos transformados por esta meditação: ‘nós queremos sair da meditação diferentes do que nós éramos quando nos sentamos para ela’.”

Mais do que uma maneira de escapismo, o Arcebispo argumenta que o silêncio reflexivo nos permite sermos mais receptivos para a atividade de Deus:

“Algumas pessoas religiosas falam de deixar a superfície de nossas mentes assentar para então podermos refletir a Deus, como uma piscina parada. Como a vida e morte de Bonhoeffer deixou claro, isto não é um tipo de recusa ao mundo; é na verdade a única maneira pela qual podemos agir no mundo para que possamos mudá-lo efetivamente, pois abrimos um caminho para a atividade do próprio Deus – através de nós, mas não apenas através de nós.”

E na conclusão, Dr. Williams ilustrou como a quieta observação pode facilitar a liberdade ao produzir uma oportunidade para que sejamos mais verdadeiros:

“Olhando calmamente a todas desordens que nos impede de vermos a nós mesmos honestamente, olhando calmamente às maneiras pelas quais o mundo no qual vivemos amortece a verdade e então frustra a busca pela justiça e amor – isto não é um luxo. Isto é como a verdade nos liberta. Não liberta para fazermos o que bem entendemos a qualquer momento, mas liberta para sermos reais, a sermos verdadeiros, a sermos ‘na verdade’, como o Novo Testamento coloca isso. Afinal de contas, que outra maneira de liberdade realmente vale a pena termos?”

Publicado em 27/02/2012 pelo Anglican Communion News Service.