Demorou alguns anos para se perceber, mas Jesus não estava por acaso em Jerusalém naquele primeiro domingo de Ramos. Ele não estava de férias. Ele não estava apenas passeando na cidade. Jesus foi a Jerusalém com um propósito. Ele chegou em Jerusalém na mesma época da Páscoa, quando os peregrinos estavam na cidade. Quando a esperança e expectativas das pessoas pelo alvorecer da liberdade que Moisés prometera na primeira Páscoa de repente se realiza para elas em seu tempo.
Jesus organizou sua entrada em Jerusalém para mandar uma mensagem. Ele entrou na cidade, vindo de um lado da cidade, nos dizem os estudiosos, quase ao mesmo tempo que Pôncio Pilatos fez sua entrada no exatio lado oposto da cidade. Pilatos, surgindo em um cavalo de batalha. Pilatos, com soldados a sua volta. Pilatos, com insígnias do Império Romano. Pilatos, representando César que clamou ser o filho de deus. Pilatos, que conquistou por Roma as pessoas de Jerusalém. Pilatos, representando o Império que eliminou sua liberdade. Pilatos, que representa o Império que manteria o status colonial do povo judeu por meio de força bruta e violência.
Jesus entrou na cidade pelo outro lado, não em um cavalo de batalha, mas em um jumento, lembrando as palavras de Zacarias:
Agora o seu rei está chegando,
justo e vitorioso. Ele é pobre,
vem montado num jumento,
Jesus entrou na cidade ao mesmo tempo que Pilates para mostrar a eles, e para mostrar a nós, que Deus tem outro caminho. Que a violência não é o caminho. Que o ódio não é o caminho. Que a força bruta e a brutalidade não são o caminho.
Jesus veio a nós para mostrar que há outro caminho. O caminho do amor altruísta e sacrificial. É por isto que ele entrou em Jerusalém. É por isso que ele foi para a cruz. Foi o poder daquele amor derramado do trono de Deus, que até mesmo o horror da crucificação o levantaria da morte para a vida.
Deus veio entre nós por maio de Jesus para começar um movimento. Um movimento de mudança na face da terra. Um movimento para nos mudar que habitamos sobre a terra. Um movimento para mudar a criação do pesadelo que muitas vezes que é feito no sonho que Deus pretende para ele.
Ele não estava por acaso em Jerusalém naquele Domingo de Ramos. Ele foi a Jerusalém por um motivo. Para enviar uma mensagem. Que nem os poderes titânicos da morte poderiam parar o amor de Deus. Na manhã da Páscoa, ele se levantou dos mortos, e proclamou que o amor vence.
Então, tenha uma Páscoa abençoada. Saia para ser o povo da Ressurreição. Siga o caminho de Jesus. Não se envergonhe para amar. Não se envergonhe por seguir a Jesus.
Tenha uma Páscoa abençoada. E abençoe o mundo. Amém.
Revmo. Michael B. Curry
Bispo Presidente e Primaz
A Igreja Episcopal (EUA)
Publicado em 03/04/2017 no site Episcopal News Service.