A canonização de John Henry Newman, que era sacerdote Anglicano antes de se converter à Igreja Católica Romana, foi descrita como motivo de celebração para todos. Após o decreto Papal no domingo (13 de outubro), John Henry Newman se tornou o primeiro santo inglês canonizado em mais de 40 anos e o primeiro não mártir em mais de 600 anos, desde que São João de Bridlington foi canonizado pelo Papa Bonifácio IX em 1401.
A missa de domingo na Praça de São Pedro, no Vaticano, contou com a presença de uma grande delegação de Anglicanos, incluindo o Príncipe de Gales, Príncipe Charles, que disse que era motivo de celebração para todos que apreciam os valores que o inspiraram.
Em um artigo publicado pelo Vaticano, o Príncipe Charles escreveu: “numa época em que a fé estava sendo questionada como nunca antes, Newman, um dos maiores teólogos do século XIX, aplicou seu intelecto a uma das questões mais prementes de nossa época: qual deve ser a relação da fé com uma era cética e secular? Seu envolvimento, primeiro com a teologia Anglicana e, depois de sua conversão, com a teologia Católica, impressionou até seus oponentes com sua honestidade sem temor, seu rigor inigualável e a originalidade de seus pensamentos”.
O Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, descreveu a canonização como um presente para toda a Igreja Cristã: “Seu legado vai muito além de uma ou duas igrejas”, disse ele. “É um legado global, um legado de esperança e verdade, da busca de Deus, da devoção por fazer parte do Povo de Deus”.
Ele acrescentou: “Para a Igreja da Inglaterra, Newman, junto com outros (…) iniciou o Movimento de Oxford, que teve uma influência fundamental, duradoura, benéfica e relevante no Anglicanismo”.
Henry Newman nasceu em Londres em 1801 e frequentou o Trinity College, Oxford, tornando-se sacerdote anglicano e importante teólogo.
Na década de 1830, ele e outras pessoas buscaram renovar a Igreja da Inglaterra ao ajudá-la a retornar a suas origens. Estes esforços ficaram conhecidos como Movimento de Oxford.
Ele converteu-se do anglicanismo ao catolicismo em 1845. Apesar de na época de sua conversão a maior parte dos anglicanos não entenderem sua atitude, hoje ele é reverenciado como um construtor de pontes.
Sua teologia e ensinamentos, particularmente sobre a consciência, continuam a estimular o debate e foi descrito como “Doutor em Consciência”. Outros admiram Newman por sua “amizade ecumênica”, incorporada por seu contínuo amor pela Igreja da Inglaterra e seus membros, muito depois de sua partida.
Newman estabeleceu o Oratório de Birmingham, e foi aclamado cardeal pelo Papa Leão XIII. Faleceu com 89 anos.
O Vaticano creditou a ele dois milagres, a cura da doença espinhal incapacitante de um homem e a cura do sangramento imparável de uma mulher.
O cardeal foi beatificado em 2010 pelo Papa Bento em uma missa ao ar livre em sua cidade natal de Birmingham após seu primeiro milagre ser reconhecido.
Seus restos mortais jazem em um sarcófago fechado no Oratório de Birmingham.
Texto publicado pelo Anglican Communion News Service em 17/09/2019.