Aquele que trouxe vida plena às suas ovelhas

Texto Bíblico: João 10.11-15

11Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor a quem pertencem, e as ovelhas não são suas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo. Então o lobo ataca e dispersa as ovelhas. 13O mercenário foge porque trabalha só por dinheiro, e não se importa com as ovelhas. 14Eu sou o bom pastor: conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas.

Reflexão

João, como de costume, nos oferece a transcrição de uma espetacular passagem do Ministério de Jesus e de uma forma bem lúdica apresenta o Senhor, com toda a pompa e circunstância que Lhe é devida, como o Bom Pastor. Mas, não para pôr aí, João também relata, textualmente, que Jesus toma para si a maravilhosa missão de trazer vida plena à todas as ovelhas do Seu rebanho, expondo e concedendo, de forma lúdica, todo o traçado que pode nos levar até o convívio definitivo com Deus lá no céu; e, para isso Jesus nos presenteia com a esperança de que dias melhores estão por vir.

E, lembrando o que discutimos na última semana, a nossa esperança, desenvolvida e devidamente acalentada pelo Senhor Jesus, decorre da certeza de que o céu não é um lugar de santos! Lá no céu só encontramos um único santo, que é Ele o nosso mano Jesus! O céu foi, é e sempre será um lugar repleto de pecadoras e pecadores que foram plenamente restaurados, remidos e totalmente perdoados pelo nosso Deus diante da oração que é feita, diuturnamente, por Jesus: “Pai perdoa-os eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

É porque realmente não sabemos mesmo o que fazemos, que que a nossa existência só encontra o seu ponto de equilíbrio quando fomentamos o efetivo compromisso cotidiano, sério e sereno com os preceitos expostos por Jesus no Seu Ministério. Por isso, precisamos evitar os extremos: De um lado toda arrogância do fanatismo e daquilo que posso chamar de fundamentalismo letal; e, de outro lado a acomodação daqueles e daquelas que cruzam os braços com a desculpa de que tudo é passageiro e pré-determinado. E, para que possamos buscar esse equilíbrio Jesus, com muito amor, afirma: “Seja perseverante na sua esperança em Deus. Porque Deus é fiel!”. Buscar viver sob esse equilíbrio é o resumo desta parte do Evangelho de João.

E ser perseverante significa viver sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo melhor para se ver e viver; ser perseverante significa cumprir, com a razão, o coração e sem meias palavras, todos os compromissos assumidos com Deus. Ser perseverante significa não viver fechado num mundo de alienação, de egoísmo e não se apartar das responsabilidades e da missão que Deus nos confia. Pois somente assim, podermos, independentemente das nossas falhas, tropeços, dúvidas e muitas contradições, ser um sinal vivo da misericórdia e do amor do nosso Deus no mundo.

É por isso que Jesus nos exorta afirmando: “Seja perseverante na sua esperança em Deus. Porque Deus é fiel!”. Com essas palavras, Jesus demonstra, com uma clareza meridiana, que os textos bíblicos foram produzidos para ensinar-nos a viver e que não foram criados para olharmos para eles e ficarmos inertes. Deus nos presenteou a Sua Palavra para que possamos aprender a lidar com os dramas da vida aqui e agora. Deus, através da Sua palavra, conduze-nos a constatar que caminhar com Jesus é algo, simplesmente, incomparável e revela que precisamos nos despojar de nós mesmos e nos apresentar como ovelhas diante D’Ele.

Essa necessidade acontece porque só como ovelhas, seremos nominalmente convidadas e convidados a escutar e colocar em pratica os planos do Bom Pastor; intimadas e intimados a acolher as Suas propostas e a segui-LO bem de perto; pois, somente assim, vamos nos deparar com a vida em plenitude. Por isso trago aqui uma afirmação: Para ter um pastor efetivo e atuante é preciso se tornar, verdadeiramente, uma ovelha; porque uma ovelha sempre procura ouvir, decodificar e reconhecer a voz do seu pastor!

E, para seguir ao Senhor é imprescindível ser um ou uma ovelha que ouve e se submete ao pastor; a autêntica ovelha foca os olhos no pastor, reconhece a Sua voz e O obedece, relevando as circunstâncias. Mas não é só isso, a ovelha genuína tem condições “produzir” novas ovelhas para o aprisco de Deus; porque, quando ingressamos pela porta que nos conduz ao status de ovelhas do Senhor, recebemos, no nosso coração, os antígenos de pastor; e, aí começa a se desenvolver em nós a capacidade de cuidar das novas ovelhas que o Senhor colocou na nossa vida, até que estejam em condições de continuarem com o maravilhoso processo de produzir novas ovelhas e todos poderemos fazer a oração que diz: “Querido Pai e Deus de todas as coisas que foram criadas, tem misericórdia de nós! Ensina-nos, Senhor, a sermos Tuas ovelhas e a amar como Tu nos amas, sem nunca desistir de nós. Que o Teu amor de Pastor nos encharque, de tal forma, que ao transbordar, esse amor possa ser a essência das nossas atitudes e o que permeia as relações que vivemos. É o que te pedimos em nome D’Aquele que foi o pastor dos pastores, o nosso mui amado irmão Jesus. Amém!”

Para reflexão

1) Como faço para me enquadrar na condição de ovelha?
2) O que entendo pela afirmação que “uma ovelha pode ‘produzir’ novas ovelhas para o aprisco do Senhor”?
3) Será que tenho consciência que preciso perseverar a minha esperança no Senhor? Por quê?