Impregnar o coração com arrependimento, fé e submissão – II

Texto Bíblico: Lucas 1.39-47

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu. 46Então Maria disse: ‘Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 47meu espírito se alegra em Deus, meu salvador.´

Reflexão

Depois de falarmos, na última semana, de arrependimento (e, dando o spoiler que na próxima semana trataremos da submissão) o tema de destaque hoje é a fé. Mas, qual é melhor definição para fé? Sem utilizar um tratado teológico, uso as palavras do Espírito Santo que foram inseridas pelo Apóstolo Paulo na carta aos Hebreus: “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se veem” (Hb 11,1). E, para falar em fé poderíamos ter como base o testemunho de várias personagens tais como Jó, Abraão, Moises, Davi, Ruth; mas, vamos ficar com o testemunho de Maria.

E, faço isso porque nestes últimos dias antes do Natal do Senhor, a mensagem fundamental da Palavra de Deus sempre gira em torno da definição da missão que foi posta por Deus para Jesus: Propor um projeto de salvação e de libertação que leve as pessoas até a verdadeira felicidade. E, Maria é muito relevante em toda essa engrenagem que revelou que o projeto de Deus tem um rosto, nome e sobrenome: Jesus de Nazaré, Aquele que veio escancarar a proposta de vida e de liberdade que nos é, dia após dia, presenteada por Deus.

Mas, para constatarmos bem tudo isso, a primeira referência vai para a informação revelada por Lucas que ao ouvir a saudação de Maria, o menino que Isabel gerava saltou de alegria. Esse fato revela que João, que seria o Batista, “se agitou” no ventre de Isabel por reconhecer Jesus, constatando que ali estava o seu Senhor e Salvador. E, o mais interessante, movida pelo Espírito Santo, Isabel interpretou a razão da “agitação” de João e constatou que diante dela estava o cumprimento da promessa de Deus: O útero de Maria foi a primeira morada do Messias enviado, do cordeiro de Deus e do Autor de toda salvação, D’Aquele a quem devemos propagar e que foi designado para nos fazer pronunciar palavras de louvores ao Deus altíssimo. Reconhecer tudo isso fez Isabel clamar: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre!”.

Mas, essas palavras de Isabel não eram inéditas, elas remetem ao “cântico de Débora” descrito no Livro de Juízes (Jz 5,24). Maria foi por Isabel apresentada, apesar da sua aparente fragilidade, como o instrumento de Deus para concretizar a salvação da humanidade. Por isso e por muito mais, não tenho dúvidas da ampla, total e inquestionável relevância de Maria para o projeto de Deus; e, mesmo ela não integrando o “quarteto sagrado”, porque o que existe é a Santíssima Trindade, é inegável que o Espírito Santo concedeu a Maria a divina Graça de ser a mãe D’Aquele que iria tomar uma cruz que não era Sua, subir naquele monte, morrer e, principalmente, ressuscitar naquele domingo maravilhoso para tirar o pecado do mundo.

E, Maria responde: “Minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu salvador”. Essas palavras de Maria foram ditas num contexto totalmente desfavorável: Maria vivia numa sociedade extremamente machista e conservadora e “desposada com José, sem que tivessem coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mt 1,18). Essas palavras de Maria complementam outras, ditas quando da anunciação: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Assim, Maria proferiu umas das maiores profissões de fé de todos os tempos, equiparando-se a outra feita por um cego que depois de curado: O que aconteceu eu não sei “só sei que eu era cego e agora vejo” (Jo 9,25).

A maior importância de Maria está no seu exemplo que, independentemente das condições externas continuava sempre a confiar em Deus, entregando, de forma incondicional, a sua vida ao Senhor para que Ele realizasse maravilhas nela e, principalmente, através dela. Olhando para o modo de agir de Maria que devemos buscar nela a certeza de que podemos confiar no Senhor para termos o coração disponível e, assim, tomar como nossa a oração que diz: “Senhor nosso Deus, pedimos perdão quando, sem entendimento de quem somos, exaltamos nossos feitos. Pedimos Tua ajuda para compreender o nosso papel como Teus servos e controlar nosso ego, para que possamos seguir o exemplo de Maria e que possamos dizer: ‘Eis a serva ou o servo do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua palavra’, e assim reafirmarmos a nossa fé. É o que oramos em nome do nosso irmão mais velho, Teu mui amado Filho Jesus. Amém!”

Para reflexão

1) Como me deparo, diante do espelho, com a definição de fé?
2) O que entendo pela expressão “confiar em Deus e entregar a vida a Ele”?
3) O que nós temos feito para viver e propagar, com ações e reações, o cumprimento da promessa de Deus?