Texto Bíblico: Lucas 15.12-14, 17, 20-22, 24-25, 28, 32
12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 17Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome; 20Então se levantou, e foi ao encontro do pai. Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 28Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 32Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’”.
Reflexão
Afirmo que o texto acima é o mais conhecido de toda a Bíblia e que acostumou-se ser chamado da “parábola do filho pródigo”. Mas, devo confessar que não gosto muito desse título e prefiro chamá-la da “parábola do pai misericordioso”; faço isso porque nela Deus é por Jesus apresentado através da prática de atos que expõem todo amor misericordioso que leva à reconciliação e conduz à conversão; Jesus traz à tona que o Deus de amor está sempre empenhado em nos conduzir a uma vida de comunhão com Ele e O revela como um pai que ama de forma gratuita, com um amor fiel e eterno, apesar das escolhas erradas e das irresponsabilidades dos filhos e filhas rebeldes; um Pai que está sempre à nossa espera, sem qualquer condição, manifestando toda disponibilidade do Senhor em acolher e abraçar quem decide voltar ao lar.
Na “parábola do pai misericordioso” Deus e a verdade do Seu amor são revelados de uma forma lúdica e poética; ressaltando que mesmo nos céus Deus permanece com o coração aberto para nos abrigar, sem censuras e sem levar em conta a nossa história passada. As palavras postas na “parábola do pai misericordioso” revelam, com uma riqueza de detalhes, todas as minúcias do coração paternal de Deus. E, por conta desta realidade é preciso relevar toda a conduta deturbada daquele que chamamos de “filho pródigo”; porque, na vida, todos já fomos um pouco “filhos pródigos”, deixamos a casa do Pai e sentimo-nos longe de Deus. E, estando longe o nosso coração apertou, nossa garganta sufocou e choramos porque uma tristeza imensa brotou no nosso íntimo e nos fez constatar que começamos a sentir a pior saudade que existe: A saudade de Deus, porque o vazio do coração do ser humano tem o tamanho exato de Deus.
E, essa minha proposta em abandonar as ações, reações e a conduta do “filho pródigo” é para focarmos nos elementos da “parábola do pai misericordioso”. E, quais elementos são esses? O primeiro é que Deus é pai; e, como pai, Deus demonstra a abrangência do Seu amor por cada um de nós. O segundo elemento é que Deus não enviou Jesus “para condenar o mundo, mas para salvá-lo” e “veio não para os justos, mas para os pecadores”. Por essa razão, a “parábola do pai misericordioso” nos apresenta uma perspectiva humana para nos revelar como Deus age. E, tudo isso demonstra que Deus não nos obriga a permanecer no lar sob o Seu governo paternal. Ele respeita a nossa liberdade. Quando nós fazemos questão de dirigir a nossa vida, Deus permite, embora o nosso governo nos seja desastroso e produza sofrimento e tristeza.
Além desses pontos, a “parábola do pai misericordioso” apresenta algo que passa desapercebido: O pai correndo. Não prestamos atenção neste fato, porque hoje correr é algo normal e até incentivado; mas, no ambiente oriental do século I, um pai de família não corria; tanto é que Aristóteles, traçando a regra do boa etiqueta social afirmou: “O homem de bem não corre em público”. Mas, esse pai, que era um homem de bem e de posses, quando vê ao longe o filho em um estado degradável, mas arrependido, sente-se tão comovido e compadecido que se esquecendo das etiquetas sociais corre para abraçá-lo e beijá-lo e por duas vezes afirma: “este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado”.
Esse é o nosso Deus que não se preocupa com convenções, regras ou etiquetas e sempre quando nos vê voltando para casa corre ao nosso encontro para nos envolver com Seu abraço e nos leva a fazer a oração que diz: “Pai amado o nosso desejo é retornar para a Tua casa, provar das Tuas bênçãos que estão disponíveis para todos os que desejam se tornar os Teus filhos. Então nos ajuda Senhor com nosso arrependimento, envia-nos o Teu Santo Espírito para que Ele nos direcione a encontrar o caminho de volta para casa. É o que te pedimos em nome do nosso irmão mais velho Jesus Cristo, Amém!”.
Para reflexão
1) Como Deus através dos atos do amor misericordioso conduz à conversão e à reconciliação?
2) O que entendo pela expressão: “Deus não nos obriga a permanecer sob o Seu governo”?
3) Reconheço que só os caminhos de Deus nos tornam mais felizes?