Texto Bíblico: João 20.19-22
19Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer deste dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e lhes disse: “A paz esteja com vocês”. 20Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor. 21Jesus disse de novo para eles: ‘A paz esteja com vocês. Assim, como o Pai me enviou, eu também envio vocês’. 22Tendo falado isso, soprou sobre eles dizendo: ‘Recebam o Espírito Santo’”.
Reflexão
O processo de ressurreição de Jesus ainda não estava bem assimilado pelos discípulos, que não conseguiam entender o todo o paradoxo que tinha começado na instituição da Eucaristia, passando pelo último milagre, quando Jesus recolocou a orelha de Malco no lugar, antes de ser preso no Monte das Oliveiras; diante do coro de “crucifica-O” (Lc 23,21) logo após a pergunta de Pilatos; pela passividade do Senhor diante das acusações e dos açoites; da crucificação e da incompreensível oração antes da morte quando Jesus intercedendo a Deus clamou: “Pai perdoa-os eles não sabem o que fazem;” (Lc 23,34).
Diante desse contexto, os discípulos se sentiam fracos, pequenos e completamente despreparados para seguir em frente sem a presença encorajadora do mestre. A única coisa que eles “achavam” que tinham eram as lembranças de Jesus que alimentavam uma discreta vontade de implementar o Reino de Deus. E, àquelas pessoas que tinham vivenciado todos os surpreendentes acontecimentos durante os três anos no Ministério de Jesus, ouvindo o Deus da Palavra falando a Palavra de Deus, agora tinham dentro de si uma baita sensação de desespero; um terror que poderia estar contida em um filme de Alfred Hitchcock, por não conseguirem vislumbrar que a ressureição do Senhor era, é e sempre será a divina sequência de acontecimentos que revela todo o sustentáculo da existência humana, além do passaporte para vida eterna e ao aconchego de Deus.
Ou seja, não havia dúvidas: Os discípulos estavam em um nítido e claro quadro de depressão. O cenário era desesperador na casa onde os discípulos estavam escondidos, com medo de tudo que poderia acontecer com eles, caso os líderes judeus ou o romanos os encontrassem. A áurea daquele ambiente revelava os sentimentos que poderiam levar uma missão iniciada por Jesus na Galileia ao fracasso, quais sejam: Temor do futuro; ansiedade pelo presente; pânico do que poderiam sofrer e um total incapacidade de ação; anda mais, também faltava aos discípulos fé para acreditar que poderiam vencer sem a liderança de Jesus.
Mas, foi aí que aconteceu uma coisa difícil de explicar: Jesus entra naquele cômodo e a Sua primeira palavra, revela toda a Sua intenção: “A paz esteja com vocês”. Jesus falou isso porque sabia que nada era mais importante naquele momento, do que fazer brotar a paz naqueles corações atormentados; e, para isso apresenta o Seu “Shalom!”, que representa, na sua origem, muito mais do que o substantivo feminino “paz” em português. “Shalom” é uma paz inteira e completa que advém da presença de Deus; “Shalom” somente é alcançada quando estamos inteiros imbuídos neste maravilho projeto que nos leva a presença de Deus.
A visita ao discípulos revela que Jesus sabia muito bem que o sucesso da empreitada para divulgar todo o amor que Deus nutre pela humanidade, estaria fundamentalmente ligada à forma de como os discípulos receberiam a Sua nova condição de vida; Jesus que antes tinha um corpo humano, agora, mais do que nunca, era revestido de toda a glória de Deus, revelando, de forma inconteste, toda a Sua natureza divina. Foi por isso que o Senhor se mostrou plenamente aos discípulos, com o objetivo mor que aquele grupo pudesse crer de forma ampla e sem restrições na necessidade de divulgar, a todo e qualquer custo, o projeto de Deus que restaura vidas e resgata corações. E, para isso, Jesus produziu naquele ambiente, antes de terror, a plenitude da paz de Deus, proporcionando aos discípulos a alegria da Sua presença. A chegada inesperada de Jesus e a revelação de quem era Ele mesmo, proporcionaram todo o alívio que os discípulos tanto precisavam.
Esta passagem é mais uma revelação de que em Jesus está contido todo o plano de Deus para humanidade; Jesus é o verbo de Deus, desde o princípio a Palavra estava com Ele e através D’Ele todas as coisas foram criadas; e, que o Senhor veio ao mundo com um só objetivo: Oferecer a salvação, retirar todos da escuridão e oferecer a direção para uma reconciliação ampla, total e irrestrita com Deus. A glória de Deus, agora amplamente revelada por Jesus aos discípulos, deve hoje nos fortalecer ante ao sentimento de incapacidade que nos impede de atuar ativamente na divulgação e implementação do Ministério do Senhor no mundo.
E, para isso, Jesus nos concede a fé necessária para vivermos plenamente a missão que Ele pôs em nossas mãos; além da certeza de que ao Seu lado podemos ter como nossa oração dever ser: “Querido Deus e Pai, que a Tua paz possa restaurar a confiança e a fé para vivermos plenamente a missão que nos concedeste desde a nossa criação. Que todos nós possamos ver, a partir da vida do mano Jesus, a Tua doce e terna face; e, assim possamos nos fortalecer com Tua presença. É o que oramos em nome de Jesus. Amém!”
Para reflexão
1) Consigo identificar Jesus como a nossa passagem e nossa esperança de vida eterna? Por quê?
2) Diante da resposta cima como devo me preparar para conviver com o aconchego de Deus?
3) Como fazer para atuar ativamente na divulgação e implementação do Ministério do Senhor no mundo?