Texto Bíblico: João 21.1-7
1Jesus apareceu aos discípulos na margem do mar de Tiberíades. E apareceu deste modo: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé chamado Gêmeo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3Simão Pedro disse: ‘Eu vou pescar’. Eles disseram: ‘Nós também vamos”. Saíram e entraram na barca. Mas naquela noite não pescaram nada. 4Quando amanheceu, Jesus estava na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: ‘Rapazes, vocês têm alguma coisa para comer?’ Eles responderam: ‘Não’. 6Então Jesus falou: ‘Joguem a rede do lado direito da barca, e vocês acharão peixe’. Eles jogaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, de tanto peixe que pegaram. 7Então o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o Senhor’.”
Reflexão
Logo depois da Sua ressureição, Jesus se encontrou com os discípulos naquela mesma praia da Galileia onde tudo tinha começado três anos antes; naquele local Jesus apresenta a Sua primeira lição pós ressureição, ao restaurar, de forma definitiva aquele que se encheu de orgulho e de autossuficiência quando ouviu Jesus afirmar: “Você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Qual de nós não queria estar no lugar de Pedro e ouvir essas palavras de elogio e confirmação do próprio Deus?
Mas, será que Pedro tinha, naquele momento, algo de rocha? Claro que não, tanto assim que pouco depois negou Jesus. O que Jesus fez foi descrever o que Pedro seria pela graça divina. Por isso, logo depois que Pedro confessou, exatamente por três vezes, o seu amor por Jesus, tudo foi jogado nas mãos de Pedro, quando solenemente e com toda confiança, logo depois de cada uma das respostas Jesus afirmou: “Cuide dos meus cordeiros”, “Tome conta das minhas ovelhas” e “Cuide das minhas ovelhas”. Aquela foi, segundo Russell Shedd com muita propriedade, a madrugada da sagração de Pedro ao episcopado do Senhor.
Porém, relevando um pouco a ordenação episcopal de Pedro, existe nessa narrativa de João uma coisa sempre chamou a minha atenção: A obediência de Pedro, André, Tiago e João, pescadores experientes e que não sabiam que era Jesus quem estava falando da praia. E, para compartilhar esse sentimento com você vamos imaginarmos a cena: Pedro, André, Tiago e João tinham passado a vida inteira pescando naquele lugar; e, depois de uma noite sem qualquer resultado, dando o maior duro, chega um camarada lá na praia e, sem mais nem menos, dá um pitaco, quase uma ordem e determina com autoridade: “Joguem a rede do lado direito da barca, e vocês acharão peixe”, fico pensando na reação deles ao ouvirem essas palavras; e, principalmente, na reação de Pedro, com o temperamento e a impetuosidade que ele tinha.
E, para que você possa entender do que estou falando, afirmo que se Pedro, André, Tiago e João fossem apenas um pouquinho parecidos comigo, que ao ouvir qualquer palavra ou conselho sobre um assunto que me considero plenamente maduro na compreensão ou sobre algo que nunca tive problemas em realizar, eu chego até a tolerar algum comentário; e, em alguns casos nem isso, porque a minha paciência tem limites; mesmo sabendo que as ações e reações de Jesus e dos discípulos, relatadas por João, revelam que muitas vezes e a duras penas, a nossa falta de fé pode custar um belo “lote enorme de peixes”; mas, para quem gosta do barco vazio, tudo bem e amém por isso! Só, não adianta reclamar sem estar disposto fazer diferente, a “pensar fora da caixa” e reconhecer que é preciso agir como Pedro, André, Tiago e João que “jogaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, de tanto peixe que pegaram”.
A tarefa de agir como Pedro, André, Tiago e João é bem simples: Basta perseverar nas determinações de Deus, apresentadas por Jesus desde o início do Seu Ministério naquela praia da Galileia; porque agir como eles requer perseverança, determinação e fé; além da certeza de que buscar essa perseverança só é possível porque bem diferente de nós, a paciência de Deus não tem qualquer limite ou requisito; o Senhor nos olha e ver seres volúveis, indecisos, inconstantes, orgulhosos, incrédulos, interesseiros, egoístas, que se desapontam com facilidade; que desistem com rapidez diante dos obstáculos que a vida impõe; e, mesmo assim Deus tem a certeza de que pode contar conosco e que sempre podemos melhorar. E, Deus faz isso porque Ele não desiste de nós! Ele é paciente e ponderado, compassivo, bondoso e, principalmente, misericordioso. E, desculpem o neologismo, mas Deus foi, é e sempre será um ser essencialmente perdoador!
Deus revela que a glória sempre está no fim da caminhada; não está nem no meio e nem tampouco no início. Por isso, devemos prosseguir com olhos fixos no Senhor, ouvido as Suas recomendações e procurando fazer a oração que diz: “Senhor querido, ensina-nos a perseverar em Ti, mesmo quando tudo conspira contra nós. Ajuda-nos a manter o foco na Tua Palavra para que possamos viver a cada dia confiando o suprimento de nossas vidas apenas na Tua terna providência. Oramos no nome do nosso irmão mais velho Jesus. Amém!”
Para reflexão
- Consigo ver a obediência como pressuposto para ficarmos bem firmados na Palavra de Deus? Por quê?
- Como fazer para viver sob a tutela de uma obediência incondicional à vontade de Deus?
- Consigo ver Deus foi, é e sempre será um ser essencialmente perdoador? Por quê?