Texto Bíblico: João 10.22-30
22Em Jerusalém estava sendo celebrada a festa da Dedicação. Era inverno. 23Jesus passeava pelo Templo, andando no pórtico de Salomão. 24Então as autoridades dos judeus o rodearam e disseram: ‘Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente’. 25Jesus respondeu: ‘Eu já disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim; 26vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas ovelhas. 27Minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. 28Eu dou a elas vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém vai arrancá-las da minha mão. 29O Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. 30O Pai e eu somos um’.
Reflexão
João, como de costume, nos oferece o relato de mais uma espetacular cena do Ministério de Jesus; e, de uma forma bem lúdica, com toda a pompa e circunstância que é devida, transcreve uma das mais impactantes afirmações de Jesus de todo o Seu Ministério: “O Pai e eu somos um”. É assim que João revela Jesus trazendo à tona uma verdade inquestionável: Que Ele é o Filho de Deus e que a Sua identidade advém do incomensurável amor que Deus nutre pela humanidade. E, Jesus faz isso recordando as palavras do profeta Isaías, reforçando o que Ele já tinha dito: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27) e desnuda outra verdade: Jesus era ao mesmo tempo humano e também era O verdadeiro Deus.
Agora convido você para mudarmos o rumo dessa prosa, para continuando com as celebrações de ontem, falar sobre “Ter Mãe”; não falo em “Ser Mãe”; porque não tenho experiencia alguma, pois não sou e nem nunca serei uma mãe. E, tomando por base o relato de João sobre o que Jesus e a celebração dos dia das Mães, uma questão pode surgir: É correto afirmar que Maria é a mãe de Deus? Não há dúvida que Jesus é Deus e que foi homem; assim, Maria foi a mãe da natureza humana de Jesus. E, isso revela outra coisa espetacular: Jesus é o Deus que também tem mãe, o Deus que tem umbigo, como todos nós; por isso a Sua proposta é tão maravilhosamente diferente. Por conta dessa condição Jesus sempre cuidou de Maria; e, no momento mais agudo da Sua vida, quando as lancinantes dores físicas da crucificação e do peso dos nossos pecados Lhe invadiram, Jesus outorgou a João o lugar que era D’Ele como protetor e mantenedor de Maria.
Maria foi a figura mais presente na vida e no Ministério de Jesus; nas páginas da bíblia encontramos oito ocasiões que manifestam todo o cuidado e disponibilidade de Maria em servir a Deus, cuidando de Jesus: Iniciando na anunciação; no parto em Belém; na visita dos magos; na sinagoga onde Jesus foi circuncidado e profecias foram feitas a cerca D’Ele; no Templo em Jerusalém, quando Jesus com doze anos se afasta da caravana; nas Bodas de Cana da Galileia, quando faltou vinho e Maria intercedeu; na crucificação quando Maria ficou aos pés da cruz mesmo quando quase todos os discípulos, tudo homem e frouxo, fugiram e se esconderam. A oitava cena é no Pentecostes, quando o Espírito Santo de Deus é derramado em cumprimento as promessas de Jesus, Maria também estava presente. Mas, Maria não estava presente na ressurreição, ela não vai ao túmulo; porém, isso não é uma lacuna na vida de Maria, porque ir ao tumulo naquele domingo foi prova de amor e também de incredulidade. Maria, no domingo da ressurreição, estava em casa esperando Aquele que tinha se transformado no Filho Primogênito de Deus, o primeiro de muitos, o Seu filho voltar.
Neste período do ano onde algumas pessoas questionam porque não utilizamos, na nossa liturgia, a oração “Ave Maria”; afirmo que “ave” é uma palavra latina que significa salve, exalte-se, reconheça-se; ao se dizer: “Ave Maria, cheia de graças, o Senhor é convosco, bendita sois vos entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus”, isso não é nenhuma novidade, são palavras ditas por Isabel (Lc 1.39-45). A não deixamos de utilizar a Ave Maria na nossa liturgia pelo seu conteúdo, que não tem nada de herético; não utilizamos a Ave Maria pelo fato de que Jesus nos ensinou a orar dizendo “Pai e nosso que Estas nos céus…” (Mt 6.9-13); e, assim, todas as orações que fazemos dirigem-se única e exclusivamente ao nosso Deus.
Faço parte do grupo que defende que a maior relevância de Maria está exatamente no seu exemplo de vida que, sem olhar as condições externas e das dificuldades, confiou e entregou, de forma irrestrita, toda a sua vida ao Senhor para que Deus fizesse maravilhas nela e, principalmente, através dela. Por isso, não podemos ficar abatidos com as lutas do dia a dia, devemos nos espelhar em Maria e fazer a oração que diz: “Senhor nosso Deus, pedimos perdão quando, sem entendimento de quem somos, exaltamos nossos feitos. Pedimos Tua ajuda para compreender o nosso papel como Teus servos e controlar nosso ego, para que possamos seguir o exemplo de Maria e que possamos dizer: ‘Eis a serva, o servo do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua palavra’. É o que oramos em nome do Teu amado Filho amado e nosso irmão Jesus. Amém!”
Para reflexão
1) O que fazer para buscar um engajamento no projeto transformador e restaurador de Deus para o mundo?
2) O que nós temos feito para viver e propagar Jesus como o Filho Primogênito de Deus?
3) Como agir e reagir para esperar Aquele que se transformou no Filho Primogênito de Deus voltar?