Curso sobre Sujeitos, Territórios de Paz com Justiça Socioambiental, em Bogotá, Colômbia, nos dias 04 a 10 de outubro de 2015
“…Quem vai evitar que os ventos batam portas mal fechadas revirem terras mal socadas e espalhem nossos lamentos…”
Pablo Milanés e Chico Buarque
O curso sobre Sujeitos, Territórios de Paz com Justiça Socioambiental que aconteceu em Bogotá, Colômbia, nos dias 04 a 10 de outubro, foi fruto de uma parceria entre Christian Aid e a Comissão Intereclesial de Justiça e Paz, contou com a presença do SADD e da organização haitiana MISSEH e teve por intuito fomentar o diálogo entre as instâncias envolvidas em torno do enfrentamento a violência de gênero.
As atividades de formação tiveram como temas principais, territorialidade, meio ambiente, gênero e identidades, participação e afirmação de direitos. Entre os dias 7 e 8 foram abordados os impactos sociopolíticos da exploração de recursos naturais nas 38 comunidades que compõem a COMPAZ, rede alternativa de fortalecimento das lideranças comunitárias no processo de reparação em meio as negociações de paz. Foram abordadas estratégias de participação política e defesa dos direitos humanos, visando fortalecer esses líderes, homens e mulheres, enquanto sujeitos políticos de promoção de uma cultura de paz.
A temática de gênero e identidades foi retomada nos dias 9 e 10, tendo como foco mulheres, território e organizações comunitárias. As mulheres nos diversos territórios colombianos têm assumido papéis centrais nas organizações comunitárias, pois além de estarem envolvidas em atividades produtivas, são protagonistas nas lutas por garantia de direitos. Nesse sentido, a discussão do papel das mulheres em uma perspectiva de gênero foi feita a partir do fortalecimento delas enquanto líderes comunitárias e geradoras de renda em um modelo de economia solidária. Discutiu-se ainda identidades de gênero em uma perspectiva, na qual a representação de homens e mulheres está associada à sua relação com o território.
No período de formação, as atividades diárias foram iniciadas por um modelo de mística que nos remete às práticas, valores e símbolos desenvolvidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), no Brasil. A cada manhã, os grupos envolvidos (indígenas, afrodescendentes, liga camponesa, movimentos urbanos e rurais) apresentavam uma mística que nos remetia a suas práticas culturais e de fé, para isso, foram utilizados elementos e signos de suas matrizes religiosas, sociais e políticas.
O encerramento se deu no sábado, dia 10, com a apresentação do professor Stephen Haymes. Em sua proposta, o professor centrou-se na descolonização de nossas formas de saberes e práticas culturais como forma de desconstrução das desigualdades de gênero, sociais e do racismo. A ideia foi questionar o modelo dominante, e construir um conjunto renovado de relações entre homens e mulheres, com o meio ambiente, território e estruturas de poder.
Para concluir, visitamos uma área de preservação ameaçada em Bogotá. O “Humedal de la Conejera” é uma importante reserva de água para os rios da região, além de ser um ponto de migração de aves, que está ameaçada pela expansão imobiliária no local. A visita foi realizada a convite da ativista Ângela Sofia que além de dar visibilidade as causas ambientais em espaço urbano, reforça o papel das mulheres enquanto lideranças comunitárias urbanas e rurais.
[1]- Ilcélia Soares, Bárbara Virgenes, Elineide Oliveira.
Publicado no dia 21/10/2015 pelo Serviço de Notícias da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.