O Papa Francisco transmitiu uma forte mensagem sobre a jornada ecumênica durante sua visita à sede do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em Genebra, Suíça. Na homilia durante orações no Centro Ecumênico, o Papa Francisco falou sobre a jornada em direção à unidade cristã e os obstáculos no caminho. “Caminhar juntos, para nós cristãos, não é uma estratégia para fazer valer mais o nosso peso, mas um ato de obediência ao Senhor e de amor pelo mundo”, disse. “Peçamos ao Pai para caminhar juntos, com mais vigor, nos caminhos do Espírito”.
“Quero fazer parte pessoalmente das celebrações que marcam este aniversário do Conselho Mundial, e não menos importante em reafirmar o compromisso da Igreja Católica na causa do ecumenismo e a encorajar a cooperação entre as igrejas membro e com nossos parceiros ecumênicos”.
“Onde quer que digamos ‘Nosso Pai’, sentimos um eco dentro de nós de nossos filhos e filhas, mas também de nossos irmãos e irmãs. A oração é o oxigênio do ecumenismo”.
A visita do Papa Francisco é um evento marcante de vários acontecimentos que marcam o 70º aniversário do Conselho Mundial de Igrejas.
Em sua chegada na Suíça, o Papa Francisco teve um breve encontro privado com o Presidente da Confederação Suíça, Alain Berset, no Aeroporto Internacional de Genebra, antes de se dirigir à capela do Centro Ecumênico.
A Igreja Católica Romana não é membro do CMI, que une cerca de 50 milhões de cristãos anglicanos, ortodoxos, metodistas, batistas, luteranos, e igrejas reformadas. Mas a Igreja Católica Romana trabalha em colaboração com o CMI, e é membro da Comissão de Fé o Ordem do CMI.
“O Conselho Mundial de Igrejas nasceu a serviço do movimento ecumênico, que se originou em uma convocação poderosa à missão: como os cristãos podem proclamar o Evangelho se estão divididos entre si?”, disse o Papa Francisco. “O mandato missionário, que é mais do que diaconia e a promoção do desenvolvimento humano, não pode ser negligenciado e nem esvaziado de seu conteúdo. Ele determina sua própria identidade”.
O Dr. Agnes Abuom da Igreja Anglicana do Quênia, moderador do comitê central do CMI, estava presente durante a cerimônia de orações ecumênicas, assim como estava o secretário-geral do CMI, Revmo. Dr. Olav Fykse Tveit, e os vice-moderadores do comitê, Bispa Mary Ann Swenson da Igreja Metodista Unida nos EUA, e o Metropolitano Gennadios da Igreja Ortodoxa Grega na Itália. Eles foram acompanhados pelos membros do comitê central, um dos principais organismos diretivos do CMI.
Contatos oficiais entre a Igreja Católica Romana e o CMI datam do início da década de 1960, seguindo as decisões do Papa João XXIII em 1959 que convocaram o Concílio Vaticano II.
Em seu pronunciamento, o Papa Francisco disse que os seres humanos estão constantemente em movimento, enquanto observa que caminhar é uma disciplina que precisa de “paciência diária e treinamento constante”. Ele citou a epístola do Apóstolo Paulo aos Gálatas (5:16) dizendo, “[ou] caminhar no Espírito, atendo-se ao traçado inaugurado pelo Batismo, ou «realizar os apetites da carne»”.
“Impelido pelos seus instintos, torna-se escravo dum consumismo desenfreado; em consequência, a voz de Deus é silenciada”.
“Os outros – sobretudo se incapazes de caminhar pelo próprio pé como bebês e idosos – são descartados porque importunos, a criação serve apenas para produzir à medida das necessidades”, disse ele, falando um dia após o Dia Mundial do Refugiado.
“O ecumenismo pôs-nos em movimento segundo a vontade de Jesus”, disse, “e poderá avançar se, caminhando sob a guia do Espírito, recusar toda a reclusão autorreferencial”.
Stephen Brown, editor do jornal trimestral The Ecumenical Review, viajou com o Papa no avião a partir do aeroporto Fiumicino de Roma. “A cerca de 35 no voo de 90 minutos, o Papa Francisco apareceu na seção do avião reservado a jornalistas, onde os agradeceu pelo trabalho e contribuição ao sucesso da visita”, disse Brown em um artigo para o site do CMI.
“É uma jornada em direção a unidade, ao desejo por unidade”, disse o Papa a jornalistas italianos, antes de cumprimentar os jornalistas individualmente.
A visita do Papa Francisco é a terceira de um pontífice ao CMI, mas a primeira dedicada à organização ecumênica. “Quando o Papa Paulo VI visitou em 1969, foi parte de uma viagem à Genebra para marcar o 50º aniversário da Organização Internacional do Trabalho”, recorda Brown, “e em 1984 o Papa João Paulo II estava em uma visita pastoral à Suíça”.
O correspondente ao Vaticano do diário francês La Croix, Nicolas Senèze, também estava no avião Papal. Ele disse à Brown que o Papa queria fazer uma visita dedicada ao CMI. Ali, onde disse, há várias organizações que o Papa também poderia ter visitado, “mas ele especificamente queria dedicar esta visita ao Conselho Mundial de Igrejas”, disse Senèze. “Foi uma escolha pessoal do papa, que claramente queria evitar que qualquer outra questão eclipsasse a dimensão ecumênica deste dia em Genebra”.
Publicado em 21/06/2018 no site Anglican Communion News Service.