Presidente do Conselho e Diretora Executiva da Christian Aid visitam São Paulo

O presidente do Conselho da Christian Aid (CAID) e ex-arcebispo de Cantuária, Dr. Rowan Williams, e a Diretora Executiva da Christian Aid, Amanda Khozi Mukwashi, verão por si mesmos os efeitos devastadores das desigualdades do Brasil em uma viagem especial à América Latina e ao Caribe.
A visita acontece em um momento em que a Christian Aid convoca as comunidades de fé para a que se comprometam e se manifestem contra as questões sistêmicas que levam à desigualdade, discriminação e violência na região.

A viagem incluirá uma visita a uma ONG local, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, com sede no centro da cidade de São Paulo, que trabalha com os grupos mais vulneráveis da cidade. É uma organização enraizada na Teologia da Libertação e seu nome homenageia o padre espanhol Gaspar Garcia Laviana, assassinado durante as lutas populares na Nicarágua.

Em um mundo onde a linguagem da fé é às vezes usada para justificar políticas que excluem ao invés de acolher, que ignoram aqueles que vivem na pobreza extrema e que causam desigualdades que levam a níveis extremos de violência em comunidades ao redor do mundo, agora é a hora dos líderes religiosos recuperarem a sua sede de justiça e permanecer com aqueles que são oprimidos.

A visita a São Paulo acontece dias antes da participação do Dr. Williams e da Sra. Mukwashi no Fórum Inter-religioso do G20 e no quarto Diálogo de Alto Nível sobre Ética e Economia, que acontece de 26 a 28 de setembro em Buenos Aires, Argentina.

A América Latina e o Caribe é uma região na qual as desigualdades baseadas em identidade, gênero, situação econômica ou localização geográfica são profundas e difundidas. O crescente impacto das mudanças climáticas e a situação política instável na região também exacerbam os desafios à redução da desigualdade estrutural.

Embora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) tenham colocado firmemente a questão da desigualdade no centro do discurso de desenvolvimento, questões como a quantidade desproporcional de poder das multinacionais globais tornam ainda mais desafiador melhorar as vidas dessas comunidades na América Latina. e o Caribe – e também em muitas regiões do mundo – que enfrentam os desafios cotidianos dessas desigualdades.

Sarah Roure, representante da Christian Aid no Brasil, afirma: “Apesar de seu perfil crescente no cenário mundial, o Brasil continua sendo uma das sociedades mais desiguais do planeta, com apenas 1% da população detendo 13% da renda total do país. Estamos ansiosos para receber o Dr. Williams e nossa Diretora Chefe Amanda Khozi Mukwashi na região para destacar a importância da solidariedade internacional para com os mais marginalizados no Brasil.”

Com base nas conclusões do relatório da Christian Aid “O Escândalo da Desigualdade na América Latina e no Caribe”, a organização destaca que as mulheres são as que mais sofrem com as desigualdades na região. Elas são mais frequentemente vítimas de violência; os sistemas fiscais são enviesados contra elas; elas são os mais afetados pelas mudanças climáticas e têm menos oportunidades de encontrar trabalho decente.

“As múltiplas faces da desigualdade nas sociedades latino-americanas e caribenhas continuam sendo um ultraje, com as mulheres suportando o peso da discriminação”, disse Amanda Khozi Mukwashi. “Como uma organização baseada na fé, não podemos mais aceitar que as profundas e difusas desigualdades enfrentadas pelas sociedades latino-americanas e caribenhas sejam um fato da vida. Precisamos garantir que as instituições religiosas e outras organizações baseadas na fé não sejam cúmplices dos sistemas estruturais que afetam a vida das pessoas em situação de pobreza”.

O Dr. Rowan Williams afirmou: “A América Latina e o Caribe têm uma longa história de líderes religiosos, como Oscar Romero, que se manifestaram contra a pobreza, a opressão e a violência e pagaram o preço final. Deles é uma visão de um mundo radicalmente transformado e no qual cada um de nós é obrigado a falar quando vemos a subjugação de outro.

“Com mais de oito em cada dez pessoas no mundo se identificando com um grupo religioso, os líderes religiosos que compartilham uma visão de um mundo justo devem reconhecer o papel fundamental que desempenham na condenação da maneira como os pobres e marginalizados são tratados em suas comunidades e trabalhar incansavelmente para a restauração de relacionamentos justos”.

Este é o quinto evento anual de uma série de Fóruns inter-religiosos do G20 e o quarto Diálogo de Alto Nível sobre Ética e Economia, ambos realizados antes da 13ª Cúpula do G20, que acontecerá em Buenos Aires, em novembro.

Fonte: CAID. Publicado em 27/09/2018 pelo Serviço de Notícias da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.