A defesa de mulheres e meninas por anglicanos e episcopais se estende para além da UNCSW

Participantes da abertura da 63ª reunião da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação da Mulher, em 11 de março, observam um momento de silêncio por aqueles que perderam a vida no dia anterior na queda do voo 302 da Ethiopian Airlines. Foto: Evan Schneider/ONU.

[Episcopal News Service – Nova York] Por mais interessantes que os eventos oficiais da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação das Mulheres (UNCSW) possam ser, muitas vezes são os eventos externos que geram compreensões e discussões mais fascinantes – se não a percepção de que as coisas nem sempre são como parecem.

“As agências das Nações Unidas e os estados-membros fazem um bom trabalho ao apresentar os dados que eles querem que você receba. (…) Estas estatísticas podem ser manipuladas”, disse Sam Hynes, um delegado da Dakota do Sul (EUA) na UNCSW.

“As coisas podem parecer boas, mas uma vez que você conhece a história real, as coisas parecem diferentes, e é aí que nossa defesa começa”.

A 63ª Sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação das Mulheres (UNCSW) se reuniu de 11 a 22 de março e focou em sistemas de proteção sociais, acesso a serviços públicos, e infraestrutura sustentável para a igualdade de gênero e empoderamento de mulheres e meninas. Cerca de 9.000 mulheres e homens – incluindo anglicanos e episcopais – representando todas as regiões do mundo participaram do evento anual realizado na sede da ONU no centro de Manhattan, tornando a UNCSW em uma das maiores reuniões que promovem os direitos e interesses das mulheres no mundo.

“Esta 63ª Sessão da UNCSW pode parecer como um evento de apenas duas semanas, mas, na verdade, ela se constrói sobre o trabalho árduo e ações de gerações anteriores de anglicanos e episcopais empenhando-se pela igualdade de gênero e empoderamento de mulheres e meninas”, disse Lynnaia Mais, que representa a Igreja Episcopal nas Nações Unidas e coordena e lidera a delegação Episcopal.

“A sabedoria e treinamento de nossas precursoras – incluindo ex-diretoras do Office of Women’s Ministries (Escritório de Ministérios da Mulher) e do Anglican Women’s Empowerment (Empoderamento das Mulheres Anglicanas) – foram essenciais no diálogo intergeracional e conhecimento institucional de nossos participantes”, disse ela. “A rede de contatos e conhecimento compartilhado de ano a ano nos ajuda a construir relacionamentos de apoio para nos sustentar no longo prazo. Nós realmente precisamos disto, uma vez que o Secretário-Geral da ONU estimou que será uma maratona de 217 anos para alcançar a igualdade de gênero. Então, participando formalmente ou não de quaisquer sessões da UNCSW, nós somos capazes de fazer parte do diálogo histórico e mudanças necessárias para empoderar as mulheres e meninas, e almejar a justiça de gênero”.

Os eventos externos, ou eventos paralelos, abordaram de tudo, desde construir e empoderar espaços digitais seguros para as mulheres e meninas a uma perspectiva global sobre o assédio sexual em ambientes de trabalho e o fim da disparidade salarial baseada no gênero e o empoderamento econômico e respostas efetivas à escravidão moderna e tráfico humano, incluindo o tráfico sexual.

Fundada em 1946, a UNCSW é a principal agência intergovernamental dedicada à promoção da igualdade de gênero e empoderamento da mulher. Apesar da Igreja Episcopal ter uma presença na UNCSW desde o ano 2000, ela enviou uma delegação oficial aos procedimentos da UNCSW apenas a partir de 2014, quando ganhou status consultivo no Conselho Econômico e Social da ONU.

Em 17 de março, anglicanas e episcopais se reuniram na Catedral de São João, o Divino, para as vésperas. Uma Eucaristia de encerramento aconteceu em 22 de março na Capela de Cristo Senhor da Igreja Episcopal.

A 63ª UNCSW precede o 25º aniversário da Declaração de Pequim e a Plataforma para Ação, que estabeleceu uma agenda para o empoderamento da mulher; foi adotada em setembro de 1995 durante a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher.

A mudança mundial em direção a governos mais conservadores e nacionalistas, e a reação ao movimento #MeToo emergiram durante a conferência deste ano, com delegados, inclusive episcopais, expressando seu temor que a quinta conferência e a potencial revisão da Declaração de Pequim possam eliminar alguns dos ganhos que as mulheres obtiveram nos últimos 25 anos.

Na véspera do encerramento da UNCSW, uma Hynes ainda com energia disse que ela poderia continuar. “Todas as mulheres que representam ONGs e sua paixão pela advocacia… sinto como se pudesse fazer isto para sempre. Tem sido revigorante de uma maneira que não sentia faz tempo”, disse.

Resumo de texto escrito por Lynette Wilson, publicado em 26/03/2019 no site Episcopal News Service.