Palavra do Primaz: Festa da Ressurreição

“Amem-se uns aos outros, assim como eu amei a vocês.” (São João 15.12)

Irmãos e irmãs e pessoas amigas da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, vivemos novamente a Festa da Ressurreição, tempo oportuno para celebrar a vida com alegria e partilha. Para celebrar e renovar a fé, a esperança e o amor. Para isso, liturgias especiais são preparadas nas nossas comunidades. Também as famílias se encontram e partilham a alegria e a vida.

Jesus está vivo no meio de nós e isso tem um grande significado. Significado para a vida das pessoas e para a vida do mundo.

Na instituição da Santa Ceia, Jesus entrega o pão e o vinho abençoados e consagrados as pessoas que o cercavam dizendo: “sempre que vocês fizerem isso, eu estarei com vocês”. E, nesse contexto da ceia, Jesus também ensina um novo mandamento: “amem-se uns aos outros, assim como eu amei a vocês”.

Na Primeira Carta de João, no seu capítulo 4, versículo 16, o autor nos ensina: “Deus é amor, quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele”.

Diante desses ensinamentos bíblicos, fica o convite para os cristãos episcopais anglicanos e a todas as pessoas de boa vontade para que respondamos a pergunta: “Como as pessoas saberão que Cristo está vivo no meio de nós? Se há tantos sinais de escuridão e morte?”

A experiência da Páscoa – da passagem – conforme o Primeiro Testamento, significou para o povo de Deus inicio do processo, da caminhada de libertação, da escravidão egípcia à terra prometida. Jesus celebrou isso com seu povo. Para nós cristãos a Páscoa é a vitória de Jesus sobre a morte. A passagem de Jesus, da morte para a vida. A vitória da vida.

Que significado tem isso para nós hoje? Muitas vezes a experiência da Páscoa se limita a liturgia da igreja num dia especial, mas a vida, morte e ressurreição de Jesus se dá num momento histórico, num contexto de opressão, de fome, miséria. Deus envia seu Filho para resgatar, para salvar, a sua criação amada.

Nosso compromisso de fé no Cristo que vive no meio de nós deve ser proclamado e experimentado no contexto em que vivemos. Isso se dará nos gestos de amor que pudermos expressar. Quando amamos, estamos em Deus e Deus está em nós. Quando amamos, cumprimos o novo mandamento de Jesus.

Como saberão os milhões de desempregados que Deus os ama e que Jesus está vivo em seu meio? Como saberão os povos nativos da terra que Deus os ama e que Cristo está vivo no meio de nós? Como saberão as famílias dos jovens negros exterminados que Deus é amor e que Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós?

Precisamos entender que a Ressurreição de Jesus é a vitória dele sobre a morte e as trevas. Sua ressurreição é a vitória do seu projeto, do projeto de Deus e seu Reino sobre o projeto deste mundo. É a vitória do projeto de amor, solidariedade, acolhida, paz, justiça sobre o projeto da exclusão, do acúmulo, da violência, da exploração e da injustiça.

Creio firmemente que festejar a Páscoa do Senhor Jesus e viver a experiência de “estar em Deus, porque Deus é amor” deve, necessariamente, ter consequências no nosso agir que, alimentado pelo sacramento, pela palavra, pela liturgia, nos leve a ser presença desse Deus ressuscitado, presente no meio de nós.

Que o Senhor Ressuscitado seja verdadeiramente anunciado e vivido em todos os lugares e em nossos contextos. Que as pessoas o sintam em seus corações e vidas e nas suas lutas por libertação e vida digna.

Com minhas orações e bênção,

+Naudal

Publicado em 20/04/2019 pelo Serviço de Notícias da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.