Viver sob a tutela d’aquele que nos licencia e nos dirige

Texto bíblico: João 17.1-5, 9-11

1Depois de falar essas coisas, Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: ‘Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a ti, 2pois lhe deste poder sobre todos os homens, para que ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe deste. 3Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra, completei a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse’. 9Eu peço por eles. Não peço pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10E tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu, e assim sou glorificado neles. 11Eu já não estou no mundo. Eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um.

Reflexão

João, como de costume, nos oferece uma transcrição espetacular da ascensão do Senhor Jesus, onde Ele, depois de cumprida Sua missão, retorna para o lado do Pai. Mas antes de ir, Jesus pede pelos discípulos e também por cada um de nós; e, logo depois Ele sentencia que todos nós somos de Deus. Olha que maravilha: Eu e você somos de Deus. E, isso não é pouca coisa não! Ser de Deus é um adjetivo inigualável e a maior de todas as credenciais que podemos ostentar.

Além do mais, essa sentença proferida por Jesus de que somos de Deus, que é irrecorrível, deve ser o nosso mote maior para espalharmos os preceitos que Ele nos trouxe; além de ser o combustível para assumirmos, verdadeiramente, nossa responsabilidade de vivermos como membros do corpo de Cristo, como filhos do mesmo Pai celestial, como cidadãos do Reino de Deus que confessam a Fé no Cristo Crucificado e proclamam a Sua Ressurreição e compartilham do Seu Eterno Sacerdócio.

Ao afirmar “para que eles sejam um, assim como nós somos um” Jesus estava confirmando que Ele é o Filho de Deus e que a Sua identidade é de origem, incontestavelmente, divina. E, Ele não parou por aí, foi além e deu uma repaginada nas palavras do profeta Isaías (Is 9) e arrematou: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). Quando Jesus diz “ninguém”, Ele exclui toda e qualquer pessoa no céu ou na terra. É por isso que logo em seguida Ele, cuidando de cada um de nós, pede ao nosso bom e terno Deus que nos guarde sob o Seu manto. Jesus, através das Suas ações e reações e do amor que Ele nutre por mim e por você, depois de entregar a Sua própria vida, coloca-se na função de intercessor para que nada e nem ninguém possa nos privar de ter uma vida plena lastreada nos preceitos de Deus.

E, tudo isso aconteceu porque durante a vida terrena de Jesus Ele foi ao mesmo tempo homem, mas continuou também a ser O verdadeiro Deus. É por Ele ser O verdadeiro Deus que as Escrituras Sagradas trazem os contrastes que comprovam tanto a Sua humanidade e a Sua divindade, vejamos: Jesus sentia cansaço, mas chamava para Si os cansados e lhes concedia descanso de Deus. Jesus, por e com amor, abriu mão da Sua glória e ficou despojado da Sua divindade, mesmo assim continuou a abençoar todos os que D’Ele se aproximavam. Jesus teve fome, mas era O próprio pão da vida. Jesus teve sede, sendo ao mesmo tempo a água viva e O poço onde todos os que estão sedentos da graça divina vão saciar a sede. Jesus foi tentado pelo diabo, mas expulsou demônios. Jesus se sentiu, algumas vezes, angustiado, mas concedia àqueles que O buscaram a Sua paz, restaurando vidas e resgatando corações. E, mesmo sabendo que iria enfrentar a morte, pelos nossos pecados, Jesus curou doenças, aliviou dores e ressuscitou pessoas.

É por isso, e muito mais, que Jesus é (assim mesmo no presente) O doador da redenção humana, Àquele que tomou sobre Si todas as nossas enfermidades e que nos mostra o caminho que nos permite voltar diretamente até à casa do Pai. Ele faz isso para que nós e Deus sejamos um, assim como Ele e o Pai são um. Aqui não se trata de uma propriedade na base do poder, mas de uma união de vida, como o Filho é unido ao Pai. E, da mesma forma que Deus cuidou do Seu Filho mais velho, o Pai cuida de cada um de nós e nos quer ter por perto, do jeito que somos, para, ligados N’Ele, que nos licencia e nos dirige, possamos dar frutos e fazer a oração que diz: “Querido Deus Tu despojastes de toda a Tua glória e divindade para ser como cada um de nós, pessoa de carne e osso. Apesar desta aparente limitação, Tu, através de Jesus Cristo, nos revelastes o quão divino eras e como podias nos fazer provar desta perfeita humanidade e divindade ao mesmo tempo. Abençoa-nos por amor ao nome do nosso irmão mais velho o Teu Filho amado Jesus Cristo. Amém!”

Para reflexão

  1. Reconheço que estou inserido no contexto de ser um na divulgação do amor de Deus?
  2. Consigo reconhecer a necessidade de sermos um com Deus, assim como Jesus e Deus o são?
  3. Será que tenho consciência que Deus cuida de nós e nos quer ter por perto do jeito que somos?