Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher – UNCSW

Leia o relato de Odete Liber, Assessora de Projetos do Serviço Anglicano de Diaconia e Desenvolvimento (SADD) que representou a IEAB no UNCSW – Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher, neste ano em Nova York:

Tive a honra de representar a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil na Comissão das Nações Unidas sobre o Status da Mulher (UNCSW), nos dias 09 a 24 de março, na cidade de Nova York. Nesse evento, foram ao todo 20 mulheres anglicanas de vários países que se somaram a milhares de outras mulheres que lá estavam na UNCSW. Nós, irmãs anglicanas, nos reunimos para compartilhamos experiências do que acontece com as mulheres em seus respectivos países. No evento havia muitas outras mulheres com quais, em alguns momentos, nos somamos (eventos paralelos) para sermos impactadas pelos testemunhos e relatos de experiências e fé de muitas mulheres. O evento principal da CSW foi sobre o “empoderamento econômico das mulheres no mundo do trabalho em mudança”, além dos eventos paralelos que abordaram temas como a justiça de gênero, através de vários olhares, focos: tráfico humano, direitos indígenas, violência baseada no gênero, crises humanitárias, iniciativas locais, imigração e impacto ambiental, etc.Os dias foram permeados por reuniões, palestras, painéis, grupos para discussão e feedback, celebração/culto, e outras atividades, além de alguns momentos de lazer e cultura. Fomos chamad@s a deliciar-nos na continuação desse trabalho e missão e convida@s a refletir: 1. O que a capacitação econômica e o empoderamento econômico das mulheres parece comigo, com a igreja da qual venho? 2. O que o empoderamento econômico das mulheres tem a ver com a igreja hoje? Isso é importante? Como a igreja vê o empoderamento da mulher? 3. Como igreja, podemos re-imaginar o modelo de empoderamento econômico de uma forma que destaque direitos e igualdade para todo o povo de Deus? 4. Como partilharmos e abraçarmos a voz profética, um modelo em que possamos viver nossos votos batismais? 5. Se levarmos seriamente a nossa aliança de respeitar a dignidade de cada ser humano, como colocaremos em prática os direitos de nossas irmãs e irmãos em toda parte? 6. Como nos afastamos do ‘status quo’ contemporâneo para uma economia baseada nos direitos e na dignidade? Tais perguntas tentei responder e também as trago para a IEAB. Eis o desafio: o que iremos fazer? Com certeza como igreja teremos muito a fazer aqui no Brasil. E que no próximo ano, nossa IEAB, nesse mesmo evento, possa relatar muitas vitórias, apesar dos inóspitos caminhos que ainda devemos trilhar.

No dia 17 de março aconteceu a atividade de lançamento formal do Side By Side durante a reunião do UNCSW. Vale citar que o movimento global que já tem dois anos de existência, formado por pessoas de fé que desejam ver a justiça de gênero se tornar uma realidade em todo o mundo.

A Revda. Terrie Robinson apresentou o movimento, citou que este está presente no Brasil, Zimbábue, Colômbia, Ruanda, Burundi, Escócia, Quênia e Etiópia. Em seguida, falaram os quatro painelistas: Javier M. Acostas (Father and Director of the Social Pastoral Secretariat of the Colombiam Bishops Conference – SEPAS – in the Diocese of Montelibano, Córdoba); Maggie Sandilands (Tearfund); Walter Vengesai (Acting Director od Padare; a men’s gender forum based in Zimbabwe) e Kikala Isobel Thomas (Mother’s Union Community Development Coordinator an Savings whit Education Program Coordinator for the Anglican Diocese of Angola). Kikala disse que é uma sobrevivente e agora luta por outras pessoas. Walter Vengesai enfatizou a importância de trabalhar com homens e meninos, pois em seu país cresce o índice de casamentos de homens com meninas, e é preciso parar com isto.

Sarah Roure (Brasil), Charles Opoyo (Quênia) e Fiona Buchanan (Escócia) relataram como, em seus respectivos países, líderes religiosos e organizações religiosas estavam trabalhando em conjunto para aumentar a capacidade e melhorar a defesa da justiça de gênero. Karri Whipple (Associação Mundial para a Comunicação Cristã – WACC), falou sobre o pedido de ação da organização para acabar com o sexismo dos meios de comunicação até 2020, bem como o WACC pode interagir com o movimento Side by Side (Lado a Lado).

Tod@s @s participantes foram convidados a refletir sobre o que precisa acontecer em cada contexto em particular para mais líderes religiosos se tornem defensores da justiça de gênero. Com todas as falas, pode-se dizer que é preciso empoderar a mulher, lutar para que existam espaços de igualdade de fato. A mulher precisa estudar, o homem precisa participar de momentos de fala sobre gênero, justiça e equidade, fazer estudos bíblicos voltados para a valorização da mulher, com uma hermenêutica ‘da’ e ‘para’ a mulher. Mais uma vez, nós como igreja IEAB e SADD participando ativamente e vislumbrando um mundo onde todos: mulheres e homens, meninos e meninas são valorizados igualmente.