Carta de Páscoa do Arcebispo Justin Welby para as igrejas de todo o mundo
Ergam seus corações, levantem suas vozes
Alegrai-vos, novamente, eu digo: Alegrai-vos!
Estas palavras, refrões do Hino VIII dos “Hinos da Ressurreição de nosso Senhor”, de Charles Wesley, expressam o grito de alegria da alma humana às boas novas da ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.
A ressurreição de Jesus é motivo de alegria. É a fonte da alegria final, pois pela ressurreição Jesus venceu o pecado e a morte (1 Coríntios 15.57). A ressurreição aconteceu em uma época e local determinados, mas seu significado é eterno e universal. Deus propôs a salvação deste mundo caído e a criação vislumbrou o dia em que a escuridão seria posta em fuga. Deus quis que a salvação deste mundo caído e a partir deste dia a Igreja viveu no brilho radiante de nosso Rei triunfante. No sexto século, o poeta Venantius escreveu:
“A luz, os céus, os campos e o mar devidamente louvam o Deus que ascende às estrelas, tendo esmagado as leis do inferno. Vejam, Ele que foi crucificado reina como Deus sobre todas as coisas, e todos objetos criados oferecem orações ao seu Criador”.
Desde os primeiros dias da Páscoa, os discípulos de Jesus fizeram conhecer as Boas Novas da Ressurreição. O Senhor Ressurreto falou à Maria Madalena para não segurá-lo, mas para ir e contar aos discípulos. Ela o fez, proclamando, “Eu vi o Senhor” (João 20.17-18).
No monte da Ascensão, Jesus se dirigiu a seus amigos, dizendo, “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus 28:19,20).
Os discípulos (seguidores) se tornaram, então, em apóstolos (aqueles que são enviados). A Igreja permaneceu nesta tradição apostólica desde então: tanto aqueles que professam a fé dos Apóstolos como aqueles que compartilham sua tarefa de evangelização.
Envio esta carta em uma época difícil na vida de muitos povos e nações. A Criação sofre os efeitos da negligência e egoísmo humano; as pessoas continuam a sofrer como resultado de guerras e terror; sistemas políticos e econômicos rangem sob a ameaça dupla do extremismo e da apatia. Nosso mundo precisa desesperadamente de esperança. Como cristãos, nós temos a mensagem de clara e segura esperança a proclamar. No dia de Páscoa, nas Igrejas de todo o mundo, os cristãos cantarão, “Cristo Ressuscitou! Cristo conquistou! Agora sua vida e glória lhe completam!”
Nossa proclamação de esperança que é nossa Ressurreição em Jesus Cristo precisa ser tanto confiante como humilde. Em nosso mundo complexo e plural, nossa evangelização não deve ser forçada a outros, mas como seguidores de Cristo, nós temos o dever de testemunhar nossa fé: falar da esperança para o mundo na Ressurreição de Cristo, uma mensagem temperada com respeito e gentileza. Nossas ações de amor, compaixão, respeito e gentileza confirmam a mensagem que nós compartilhamos é realmente uma boa notícia.
Comecei esta carta com uma citação de Charles Wesley (1707-88). Junto com seu irmão mais velho, John, Wesley devotou sua vida ao serviço do Evangelho – pregando as boas novas na quadra e fora da quadra, transformando tanto a igreja como as vidas daqueles que escutaram a mensagem. Em outro hino, ele ecoa o chamado de Cristo à Maria Madalena, que é, por sua vez, o chamado de Cristo a cada um de nós:
“Vá e diga aos Seguidores de nosso Senhor, A vida de seu Jesus foi restaurada”.
Que Deus lhe abençoe nesta quadra da Páscoa, e que a alegria da ressurreição que nós compartilhamos se espalhe pelo mundo.
Reverendíssimo e Honorável Justin Welby
Arcebispo de Cantuária
Publicado em 18/04/2019 no site Anglican Communion News Service.