O espectro do reconhecimento da pessoa de Jesus

Texto Bíblico: Lucas 2.21-22, 25-32

21Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo, antes de ser concebido. 22Terminados os dias da purificação deles, conforme a Lei de Moisés, levaram o menino para Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor, 25Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava com ele. 26O Espírito Santo tinha revelado a Simeão que ele não morreria sem primeiro ver o Messias prometido pelo Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da Lei a respeito dele, 28Simeão tomou o menino nos braços, e louvou a Deus, dizendo: 29‘Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. 30Porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel.’

Reflexão

No relato da primeira ida de Jesus ao Templo em Jerusalém e o encontro do Senhor, ainda bebê com Simeão existe um ângulo que talvez você ainda não tenha observado; e, como a minha função é ser um facilitador vou desnudá-lo para você: Às vezes, mesmo acreditando no plano de Deus para a nossa vida, ficamos assim como apáticos, porque parece que está tudo bem e a vida começa a transcorrer num marasmo; imagino que era assim que estava Simeão. Porém, Deus, quando menos esperamos, nos envia Seus anjos para nos sentirmos vivos, pujantes e intensos novamente. Esse foi o sentimento que invadiu Simeão quando se deparou com o menino nos braços de Maria; porque aquele encontro, exatamente como tantos outros durante o Ministério do Senhor Jesus, teve o condão de revelar o amor der Deus para aquele homem.

Esse foi o primeiro reconhecimento público de Jesus como o Messias enviado, o Filho do Deus Vivo, o Senhor do Universo, o Rei dos Reis, o Autor de toda salvação, o Conselheiro Maravilhoso, o Deus Forte, o Pai para sempre e o Príncipe da Paz. Foi isso que Simeão viu naquele menino que estava nos braços de Maria. Afirmo isso, porque abstraio os Magos que reconheceram essa verdade num conceito mais intimista.

É nesse contexto que Deus espera que possamos tomar como nossas as palavras proferidas por Simeão em toda a complexidade dos seus significados; reconhecendo, indubitavelmente, a fundo quem de fato é Jesus; vendo a Sua identidade divina e de onde vem todo o Seu poder que restaura vidas e resgata corações. E, isso demonstra que o verbo “ver” tem um sentido mais amplo que “enxergar”, indica, neste caso, penetrar para além das aparências para alcançar o mistério nelas escondido.

Até porque, a narração de Lucas sublinha, de maneira expressa, toda a influência do Espírito Santo na vida de Simeão, que tinha recebido a garantia de não morrer sem ter visto o Messias. E, exato momento em que Maria e José levavam para lá o menino ao templo e o Espírito Santo suscita esse grande encontro, inspirando Simeão a celebrar com jubilo o futuro daquele menino, que veio seria a “luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel” (Lc 2, 32). É exatamente por isso que devemos observar que dois elementos significativos deste momento único: O primeiro descrito no versículo 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz”; ou seja Simeão tinha no coração o desejo de encontrar com o Messias de Deus. Já o segundo ponto é a importância do pós encontro, tendo em vista que agir e reagir exatamente como fez Simeão é uma necessidade profunda de todo ser humano, que busca ter no coração uma relação íntima, pessoal e perene com Deus; todos desejam achá-LO, entendê-LO um pouco melhor e caminhar com Ele e saciar ânsia por viver e apregoar uma verdadeira religiosidade.

Diante de tudo isso, o que esse momento da vida do Senhor Jesus revela, hoje e agora, é que precisamos sair da nossa zona de conforto, rompendo a inércia e deixando que Deus possa agir livremente na nossa vida, independentemente das condições externas ou do que os outros vão pensar. Deus nos convida a deixarmos a nossa Babilônia pessoal e encontrar com Jesus face a face, como nos adverte o profeta: “prepara-te para o encontro com o teu Deus, ó Israel!” (Am 4,12). Essa foi a mensagem do advento; esse é o fundamento mor do Natal que nos leva a fazer a oração que diz: “Senhor nosso Deus e Pai mui querido, concede a cada um de nós a mesma dádiva que teve Simeão de poder reconhecer a essência da natureza do nosso irmão Jesus; pedimos a Tua terna ajuda Senhor para guardarmos em nosso coração a fé, o amor e a perseverança para caminhar ao teu lado, comungando contigo e alimentando o coração de muitos com a Tua palavra. É o que oramos em nome D’Aquele que foi enviado por Ti para iluminar as nações e trazer a Tua Gloria à humanidade, Teu amado Filho Jesus. Amém!”

Para Reflexão

1) Como concretizar, dia após dia, um encontro íntimo, pessoal e perene com Deus?
2) O que nós temos feito para deixar a nossa Babilônia pessoal e encontrar com Jesus face a face?
3) O que devemos fazer para viver e apregoar uma verdadeira religiosidade?